Quem é Marcelino ULTRA?

Quem é Marcelino ULTRA?
- Cristiano Marcelino (36 anos) é Bombeiro Militar, Ultramaratonista, Professor de Educação Física graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Mestre em Ciências pela UFRJ. Casado com Nilce Marcelino (37 anos) e pai de Filipe Marcelino (9 anos).

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

217Km: O que acontece no corpo e na cabeça de um ultramaratonista?

Caros amigos,
o Portal IG fez uma série de reportagens sobre a Brazil 135 Ultramarathon, prova de 217 Km, que tive a honra de participar este ano, conforme postagem anterior.

É uma série de 6 excelentes reportagens, a que terei o prazer de reproduzí-las ao longo destes dias, uma por vez.

O link para a postagem principal está na área de saúde na página principal do IG. Minha foto foi escolhida para ilustrar a capa!
A primeira reportagem, que dá o nome a série é:
O QUE ACONTECE NO CORPO E NA CABEÇA DE UM ULTRAMARATONISTA?
Segue abaixo a 1ª reportagem da série:

Acompanhamos a Ultramaratona BR135 atrás das respostas de quem correu 217 quilômetros

Yara Achôa, de São João da Boa Vista (SP), especial para o iG

Dor, sacrifício, superação física e mental: rotina de um corredor de longas distâncias
A corrida muda a vida de muita gente. Alguns começam no esporte como uma evolução da caminhada ou para melhorar a qualidade de vida. Há ainda quem seja atraído pela superação de limites, pelos desafios. Geralmente iniciam com alguns metros, passam para um quilômetro, depois dois, cinco, dez... O progresso na distância e a mistura desses objetivos são naturais e logo fazem de você um corredor.
Foi assim com o empresário Mário Lacerda, 53 anos. Caminhante de longa data – já havia feito trilhas de peregrinação como o Caminho de Santiago de Compostela (na Espanha) e outros do gênero, como o Caminho da Fé (no Brasil) –, Lacerda se viu fascinado por uma corrida a partir de uma reportagem na televisão e resolveu dar alguns passos além. Só não imaginava que iria tão longe.
Na época Lacerda morava nos Estados Unidos e a corrida em questão era a ultramaratona Badwater: competição com 217 quilômetros disputados no deserto do Vale da Morte (EUA), considerada uma das mais duras do mundo, já que os atletas enfrentam temperaturas que chegam a 55º C e altitudes de até 3900m. Colocou na cabeça que iria participar da prova. “Até então eu não corria, só era bom em caminhada. Mas comecei a treinar. Corria meia milha, voltava meia milha. Passei a correr uma milha, depois voltar mais uma. Aos poucos fui avançando”, conta.
Ultramaratona BR 135: 217 quilômetros de superação pela Serra da Mantiqueira
Resultado: Mário Lacerda virou ultramaratonista. Participou da Badwater em 2005 (quando, por inexperiência, não conseguiu concluir a prova, pois a sola de seu tênis derreteu no deserto) e 2006. E inspirado pelo desafio vencido, tatuou a altimetria da prova na panturrilha esquerda e decidiu criar uma versão verde e amarela da corrida.
Assim nascia a Brazil 135 (ou BR135): a maior e mais difícil prova do Brasil, também com distância de 217 quilômetros, realizada na Serra da Mantiqueira, entre as cidades de São João da Boa Vista (SP) e Paraisópolis (MG), trecho mais difícil do Caminho da Fé.
De 21 a 23 de janeiro, a reportagem do iG Saúde acompanhou as 60 horas (tempo limite para a conclusão da prova) da sexta edição da BR. A ideia foi tentar entender o que se passa na cabeça, no corpo – e literalmente no coração – desses atletas que embora tenham fisionomias de homens e mulheres comuns, são ultraresistentes como os heróis.
Gente como a gente
A BR é uma prova única: difícil, sem dúvida, mas transformadora também. E reúne pessoas como o técnico de segurança José Servello, 62 anos, de Santo André (SP), recordista em participações na competição. “Quando eu era garoto, meu pai dizia: ‘corre, se não a fome te pega’. Comecei e não parei mais”, conta.
Mas Servello corre também dos médicos, com receio de que eles possam desestimulá-lo a continuar no esporte – dado o grande esforço que uma ultramaratona exige. ”Só vou ao ortopedista quando tenho de tratar alguma lesão”, diz. Mas e o coração? “Coração? Eu tenho isso?”, devolve, divertindo-se.
Em contrapartida, a reportagem encontrou o médico e ultramaratonista João Gabbardo, 55 anos, superintendente do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. Além de ter o check-up em dia, ele faz parte do grupo de pesquisa da médica Núbia Vieira, que avalia o coração de atletas de endurance. E resolveu acompanhar a jornada do corredor, registrando suas dores e emoções ao longo do caminho.
Companheirismo na largada da BR135: longas distâncias aproximam as pessoas
Preparo psicológico e apoio
Ainda na véspera da largada, durante o Congresso Técnico da BR135, entre informações para os atletas e explicações de logísticas para equipes de apoio, nossa equipe conversou com outros corredores que começaram a dar pistas de como enfrentar aquela “loucura”.
“Em uma prova como essa, o preparo psicológico é tão importante quanto o físico. Eu chego a fazer treinos de oito horas sozinha para me acostumar”, disse Débora Simas, 39 anos, gerente de uma lanchonete em Florianópolis. Ela, que é um dos grandes nomes da ultramaratona no Brasil, era a favorita entre as mulheres (e confirmou seu favoritismo, concluindo a BR135 em 33h49m).
Em meio aos brasileiros, também havia estrangeiros de países como Argentina, Austrália, Canadá, Costa Rica, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.
Os americanos Anthony Portera, 39 anos, advogado; Chris Roman, 41 anos, médico; e Jarom Thurstom, 36, analista de sistemas, vieram dos Estados Unidos para fazer o Caminho da Fé e encaixaram a BR135 na programação para tornar a jornada mais emocionante.
Para Chris, experiente corredor, o maior desafio em provas de endurance é mental. “Bolhas, dores musculares, câimbra, cansaço, calor... Tudo faz você querer desistir. A cabeça é que faz continuar”. Como profissional da área médica, assim como nosso personagem João Gabbardo, ele diz que conhece bem os danos que uma prova como essa provoca ao corpo. E brinca: “Isso não parece ser muito esperto”.
Palavras de incentivo e apoio de amigos e familiares costumam agir como o maior dos repositores energéticos. A mulher de Chris, por exemplo, enviou uma pequena mensagem que emocionou e deu um incentivo extra a ele. “Vá, viva, sofra e cresça”, dizia o bilhete. “Isso me faz sentir vivo”, contou o médico americano.
Dores e delícias
A BR135 não é uma prova para qualquer um. Este ano, inscreveram-se 71 corredores; 57 estavam alinhados na largada; mas apenas 40 chegaram ao final.
Sorriso no rosto: a alegria também é marca registrada dos ultramaratonistas
Ao longo de 217 quilômetros muita coisa acontece: de hipertermia, desidratação e bolhas até alucinações e uma inesperada mordida de cachorro.
Além de preparo físico e determinação, esses ultramaratonistas têm algo que impressiona quem está de fora: um imenso sorriso no rosto que escancara a alegria da superação de limites. A tatuagem na perna do vencedor da BR135 deste ano, Kurt Lindermueller, alemão naturalizado costa-riquenho, de 50 anos, que completou a prova em 28h19m, parece resumir o espírito da coisa: “nunca vou me render”.
Ao falar de grandes distâncias, eles sorriem e minimizam as dificuldades. Chegam felizes, emocionados, cada um com sua motivação pessoal e sua história. Como se fazer mais de 200 quilômetros fosse ir ali, na esquina.

GOSTOU? AGUARDE NOS PRÓXIMOS DIAS A REPORTAGEM SEGUINTE...

2 comentários:

Bons Km disse...

Eu sempre me emociono com as ultras, acho incrível o que o ser humano consegue, ultrapassando limites, a reportagem é tão bonita, estou ansiosa pelas próximas etapas. E as fotos são lindas.
Bjinhos
JU

Jorge Cerqueira Souza Filho disse...

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Vc tá chique demais Marcelino parabéns meu camarada vc merece, fico feliz por isso...E ai vc vai correr os 10Km no dia 20 Fev 2011 em alusão aos 5 jogos mundiais militares ou vc agora só corre Ultras...rsss... Acesse www.rio2011.mil.br inscricao custa somente 1kilo de alimento para ajudar as vitimas das enchente da região serrana eu vou correr.

Bons treinos,

Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com