Correndo a 53ºC no Vale da Morte
Fui para Califórnia – EUA, para participar de minha
25ª Ultramaratona, a BadwaterUltramarathon, prova de 135
milhas (217 Km), realizada no lugar mais quente do planeta, o Vale da Morte (Death Valley), numa temperatura de 53ºC.
Minha missão: ser pacer do atleta norte americano Mike DeNoma, a qual também fiz isto
para ele na Brazil 135 Ultramarathon
em janeiro deste ano.
A Badwater Ultramarathon, em sua 36ª edição, é
considerada a Ultramaratona mais extrema do mundo, devido a diversos fatores:
- Percurso de 135 milhas = 217 Km
- Largada realizada no ponto mais baixo do planeta
– Badwater Basin, a 85,5 metros
abaixo do nível do mar
- Grande parte da prova realizada no lugar mais
quente do planeta, o Death Valley
(Vale da Morte)
- Chegada realizada no Whitney Portal, entrada para a montanha mais alta dos EUA
(excetuando o Alaska), a 2.551 m de altitude
- Desnível positivo acumulado de 3.962 m, distribuídos
em 74 Km de subidas ao longo do percurso, incluindo o trecho final de 21 Km de
subida até a linha de chegada
- Temperatura máxima do ar (registrada este ano) de
53ºC
- Temperatura máxima do asfalto (registrada este
ano) de 94ºC. O percurso é 100% no asfalto
- Altas temperaturas até de madrugada. Registramos
na primeira madrugada a temperatura de 46ºC no Death Valley
- Baixas temperaturas no trecho final. Registramos
na segunda madrugada a temperatura de 12ºC no Whitney Portal
- Rígida seleção para participação da prova. Cerca
de 2.500 atletas enviam seus currículos todo ano para apenas 100 serem
selecionados
- Tempo máximo de conclusão de 48 horas
Altimetria
da Badwater Ultramarathon
Embarquei para os EUA no dia 10 de julho de noite (dia
de meu aniversário). O voo foi com destino à cidade de Las Vegas / Nevada e com escala e troca de aeronave em Miami / Florida.
Las Vegas
é uma cidade espetacular, somente que já foi lá mesmo para saber tudo que tem
por lá.
Em
Las Vegas – ao fundo a principal rua: Strip
Após chegar à Las
Vegas e pegar o meu carro alugado fui direto para um grande passeio, o Grand Canyon West, localizado no Arizona a 2h30min de carro de Las Vegas.
Entrada
do Grand Canyon West
Um lugar incrível, terra da tribo Hualapai, cenário de filme,
inacreditável mesmo, uma cadeia extraordinária de gigantes de canyons, com o Colorado River passando muito lá embaixo, a 1.219 metros de altura.
Eagle
Point – Grand Canyon West
Após este magnífico passeio voltei à Las Vegas para conhecer a cidade. Fiquei
hospedado por dois dias no MGM Grand
Hotel & Casino, um Hotel esplendoroso assim como a cidade, lá entre
outras dezenas de atrações são realizadas todas as lutas do UFC.
MGM
Grand – Minha casa por dois dias
Já tendo encontrado uma parte de minha Equipe, no
dia seguinte era hora de um treino por Las
Vegas. Boa opção para conhecer a cidade e se aclimatar a aridez e calor – a
temperatura estava 42ºC.
Conhecendo
Las Vegas correndo
Mais um dia então em Las Vegas, aproveitando bem. Mais integrantes da Equipe chegavam e
fomos para um restaurante – boate, considerada a mais cara do mundo, um luxo
para poucos: Hakkasan, onde (eu vi) no menu que a garrafa de champanhe mais cara custa US$
200.000,00 (isto mesmo! 200 mil dólares).
No dia seguinte, agora com a Equipe completa,
erámos sete no total: Mike (atleta),
americano que mora em Londres / UK;
dois de seus filhos que também são americanos, Scott e Michael (pacers e drivers) e moram em Ohio /
USA; Phill, maratonista de elite
(pacer), também de Londres / UK; Andy (fisioterapeuta), de Taiwan;
Greeg, americano e finisher da Badwater (pacer e driver) que mora na China; e eu!
Então tínhamos que ir para o Death Valley (California), com nossos dois carros: Dodge Avenger (carro espetacular, motor
2.7, completíssimo e com amplo porta-malas) e Toyota Sienna (um mega carro, sete lugares mais um gigante
porta-malas).
A viagem era de 2h30min de duração, mas antes
tínhamos que passar em vários lugares para abastecer de todos os suprimentos
imagináveis (e inimagináveis) os carros.
Compras
no caminho para o Death Valley
Após gastarmos muito (muito mesmo, deve ter sido
uns US$ 1.000,00) em compras e com um carro no meu comando partimos para o Vale
da Morte.
Dirigindo
para o Vale da Morte
Uma viagem muito boa, com excelentes estradas,
assim como para o Grand Canyon West,
e com o conforto do carro, que ajudava muito, contando com controle de
cruzeiro, entre outros.
Las Vegas
já é muito quente, pois é em pleno deserto e a medida que nos aproximávamos do Death Valley a temperatura ia subindo
mais, assim como podíamos perceber as lindas paisagens e também ventos fortes
que esporadicamente formavam pequenos twisters.
Entrando no Death Valley National
Park
Na entrada do Parque Nacional fizemos uma pequena
parada na máquina self-service (assim
como muitas coisas nos EUA) para pagar a taxa obrigatória por veículo.
Parada
na entrada do Parque Nacional
Fomos direto para a Badwater Basin, o local da largada da corrida, que aconteceria dois
dias depois.
O relógio marcava 18h30min e por lá só escurecia
por volta após às 21h. No final da tarde é o horário mais quente do dia, devido
ao calor acumulado pelo dia todo nas rochas que formavam o Vale da Morte, assim
como também no asfalto. Badwater Basin
é o ponto mais baixo e quente do planeta – 85,5 metros abaixo do nível do mar.
Podemos ver atrás de nós, a quase uma centena de metros acima de nós, uma
grandiosa placa escrito SEA LEVEL, indicando
o ponto onde passa o nível do mar.
Badwater
Basin
A visita a este ponto é altamente desencorajada
nesta época do ano – pleno verão norte americano. Lá se encontra um pequeno
lago, que no verão fica totalmente seco formando somente camadas de sal (salt flats) onde não se pode pisar com
temperaturas maiores de 40ºC e agora a temperatura era de 48ºC.
De lá fomos para o nosso hotel, distante 28 Km – Furnace Creek Ranch, que apesar do nome
(furnace = fornalha) é um grande
oásis no meio deste deserto, contando com extraordinários confortos contrastando
com a aridez desértica. Junto com o Furnace
Creek Inn formam a rede Furnace Creek
Resort e são as únicas duas opções de hotéis perto da largada. Além disto
também há opções de campings para
estacionamento de trailers (RVs) –
que são muito utilizados por aqui – ou acampamento com barracas, porém os campings não são recomendados no verão,
devido ao calor extremo.
Furnace
Creek Ranch – um oásis no deserto
Neste local, a 100 anos – 10/07/1913, foi
registrada a temperatura mais alta da Terra, com 134ºF (56,7ºC) e ao contrário
do que podemos pensar, neste deserto não faz frio de madrugada, e sim muito
calor, nesta época ficando por volta de 46ºC. Frio faz é no inverno,
curiosamente no mesmo ano que foi registrado o recorde de maior temperatura em
julho, seis meses antes, em janeiro, também foi registrado o recorde de menor
temperatura de -10ºC.
Recorde
de temperatura mais alta da Terra
Após o jantar fomos nos refrescar na piscina, que
fica aberta (e cheia de usuários) até meia-noite.
No dia seguinte, logo cedo fui fazer um treino de
aclimatação no Vale da Morte. Neste ponto, perto do hotel, existe a demarcação
de uma ciclovia, para lazer dos hóspedes com bicicletas ou correndo.
Treino
no Death Valley
Mais tarde fomos para a entrega de kits e pre-race meeting, realizadas numa tarde extremamente quente.
Verifiquem no termômetro abaixo:
Tarde
extremamente quente
Fizemos a retirada de kit do Mike, juntamente com a entrega de toda documentação
obrigatória (do atleta e da Equipe) e fizemos nossa foto oficial.
Foto
oficial da Equipe na Badwater Ultramarathon
Muitas personalidades do mundo da Ultramaratona
participam desta prova, o clima é muito extraordinário, apesar da predominância
norte americana, ouvimos muitos idiomas diferentes, entre os 100 atletas da
prova este ano tínhamos três atletas do Brasil competindo. Os carros de Equipe
todos personalizados tornam isto tudo muito legal. Aproveitei para tirar uma
fotografia junto com o Dean Karnazes e aproveitei para conversar um pouco com
ele, dizendo que já tinha o encontrado na visita ao Rio de Janeiro em 2009 e
também falei que ia depois da corrida conhecer a cidade dele – San Francisco.
Com
Dean Karnazes
O calor estava tão grande no pre-race meeting que meus tênis não aguentaram e descolaram o
solado inteiro. Não podia acreditar que a reunião pré-corrida não seria
realizada num amplo salão com ar-condicionado (como tudo por ali era) e sim num
imenso gramado ao lado da piscina, sem sombras, às 2h da tarde e com a
temperatura superior a 50ºC (como pode ver no termômetro mostrado
anteriormente). Porém isto já indicava uma preparação para a prova.
Os
tênis não aguentaram o calor – e a corrida nem tinha começado
Após isto ainda tínhamos o último compromisso
técnico antes da corrida o crew training,
treinamento da equipe de apoio para melhor atender seus atletas. Este foi
realizado às 5h da tarde (muito calor ainda) em nosso próprio hotel.
Voltando aos nossos quartos era hora de deixar tudo
pronto para o dia seguinte, então já levamos tudo para os carros de apoio e
deixamos o restante no ponto de embarque.
Após uma ótima noite com ar-condicionado levantamos
cedo para ir para a largada.
A Badwater
Ultramarathon divide-se em três ondas de largadas: 6h, 8h e 10h da manhã,
dividindo assim os corredores por suas velocidades, com os mais rápidos
largando por último.
Como o Mike tem o ritmo mais lento, fomos escalados
para a largada das 6h da manhã. Montamos uma estratégia que o carro pequeno
iria direto para a última cidade antes da chegada (Lone Pine), a 196 Km da largada, levando tudo que usaríamos na
parte final da corrida, já deixando em nosso quarto de hotel lá.
Então para benefício da Equipe fui eu dirigindo até
Lone Pine, juntamente com Michael e
Scott.
Enquanto isto Mike se encaminhava para largada,
acompanhado de Greeg, Phill e Andy no carro maior.
Após uma longa jornada de estrada, contando ainda
com uma parada para comprar coisas (mais!) para usarmos na corrida, voltamos ao
Furnace Creek Ranch, justamente na
hora que o Mike vinha seguindo pela estrada já chegando ao KM 30 de prova.
Encontrando
Mike no KM 30
Agora todos nós tomávamos novas posições para seguir
na corrida.
Michael e Scott ficavam no carro menor, enquanto
eu, Greeg e Andy íamos no carro maior.
Phill fazia o pacer
de Mike neste trecho.
Eu já começava a me preparar, pois seria o próximo
a ser o pacer.
Todos
nos seus postos seguindo o Mike
Tínhamos que ficar muito atentos a todas as regras
da corrida, constantemente passava por nós carros de fiscalização. Só é
permitido o uso de pacer após o Furnace Creek Ranch (KM 28) – Time Station One, onde o Phill começou e
somente um pacer por vez, pois o
acostamento da estrada é todo de terra e cascalhos, só contando com cerca de 20
cm de asfalto após a linha branca (onde os atletas correm para minimizar os
efeitos do calor nós pés). O pacer
não pode estar ao lado nem à frente do atleta, somente atrás. Os carros de
apoio (quando for mais que um) não devem ficar juntos.
Fiz questão de levar a bandeira do Brasil para esta
prova em muitos lugares: viseira, camiseta, bermuda e até na pele...
Braziliam flag everywhere!
Ah, não podia deixar de esquecer meus óculos
Mormaii e protetor solar que era repassado constantemente.
De quando esperava a hora de eu seguir com o Mike,
ia aproveitando a paisagem incrível do deserto e sempre hidratando muito com
Gatorade e água.
Aguardando
minha vez...
A estratégia de Mike era seguir pela estrada
(correndo ou caminhando) por uma hora e depois parar por 10 min. Esta parada
era feita junto ao carro de apoio. Tínhamos em mãos um guarda-sol e cadeira,
além de muitos outros apetrechos para cuidar dos pés e das mãos. Mike levou um
par de aparelhos de refrigeração das mãos, que funciona com bateria e gelo.
Pit-stop
do Mike
Além disto, também o gelo do pescoço (envolto numa
toalha tecnológica) era trocado a sempre que estes derretiam.
Com o relógio marcando meio-dia (6h de prova) e 74
metros abaixo do nível do mar iniciei meu percurso junto com o Mike.
E
lá vamos nós...
O atleta segue sempre pela contramão dos carros,
com os carros de apoio do outro lado da rodovia.
Ficava ali atrás do Mike conversando com ele e o
ajudando a manter o ritmo, além de ajudá-lo também na hidratação e suplementação.
Mike ia com o corpo todo coberto de branco, ficando
somente com um pedaço do rosto e as pontas dos dedos de fora. Eu preferi ir com
boné branco, óculos de sol, camiseta meia manga branca com manguitos brancos,
bermuda azul e meias de compressão branca. Sabia que mesmo muito quente só iria
ficar nisto por cerca de uma hora, depois ia para o carro.
Pacer
no Vale da Morte
Após uma hora chegou o momento do revezamento. Após
a parada programada do Mike, Greeg foi para pacer
e eu fiquei dirigindo o carro maior.
Parava o carro a cada 1 milha e esperava eles
passaram e assim nós íamos os servindo da melhor forma possível.
Entre os vários apetrechos tinha em minhas mãos um
borrifador de água, a fim de refrescar um pouco eles.
Borrifando
água para refrescar
Tive a oportunidade também de encontrar o Mário
Lacerda (grande comandante), Race
Director da Brazil 135 Ultramarathon.
Ele estava acompanhando a Equipe do Eduardo Calisto, brasileiro que figurava
entre os favoritos desta edição da Badwater
Ultramarathon. Ele liderou a prova por um bom tempo e ficou entre os três
primeiros até cerca do KM 120, porém esta prova é cruel e cobra um preço caro
se o atleta fizer algo errado. Eduardo teve que ficar parado num posto médico
por cerca de 6 horas para se recuperar, mas não desistiu da prova e completou
depois em 38h53min, ficando em 36º lugar.
Encontro
com o Mário Lacerda no deserto
As horas se passavam, íamos nos revezando para
atender o Mike. A estrada é muito dura, o calor não se dissipa e a Highway 190, onde é realizada a maior
parte da prova, parece infinita.
Highway
190 – infinita...
A maioria dos carros que passavam por nós fazia
questão de buzinar, piscar faróis, acenar ou até mesmo gritar para apoiar os
corredores – muito legal! E a estrada possui várias placas de sinalização da
corrida, apesar de que as melhores sinalizações são os carros de apoios, todos
decorados e com, entre outros, um grande letreiro refletivo obrigatório
escrito: CAUTION RUNNERS ON ROAD.
Sinalização
na rodovia
O calor podia ser monitorado constantemente pelo
termômetro do carro (ainda bem que me esqueci de levar o termômetro que
comprei, pois só ia até os 50ºC).
Monitoramento
do calor – agora 52ºC
Eu continuava seguindo o Mike, de carro ou a pé
junto dele. A temperatura do asfalto chegou aos 94ºC que massacrava os pés de
todos. Para fora do asfalto tínhamos agora uma imensidão de areia, estávamos
atravessando a Sandy Dunes e Mesquite Dunes.
Atravessando
as dunas do deserto
Encaminhávamos para Stovepipe Wells, onde poderíamos nos refrescar numa piscina! Mas
antes disto tínhamos que atravessar uma pequena tempestade de vento e areia.
Tempestade
de vento e areia à frente
Com o maior calor da prova até então (53ºC) o vento
com areia só complicava tudo, então decidi ir correndo atrás do Mike com o
borrifador de água nas mãos para minimizar o impacto da natureza.
Calor,
vento e areia – prova extrema
Em fim chegamos a Stovepipe Wells (KM 67) – Time Station Two, uma mini cidade no meio
do percurso. Íamos fazer uma parada mais alongada por lá, pois de lá tínhamos
pela frente à noite do deserto e o início da primeira grande montanha da prova
com 28 Km de subida contínua.
Stovepipe
Wells – um oásis
Em Stovepipe
Wells está localizado o Race’s
Medical HQ – maior posto médico da prova, onde muitos atletas ficam muito
tempo por lá para se recuperar de um dia inteiro de calor. Infelizmente muitos,
mesmo ficando por horas no soro, não conseguem se recuperar e desistem da prova
aqui mesmo.
Race’s
Medical HQ
Também lá, como disse antes, se encontra uma
maravilhosa piscina, que ajuda na recuperação de todos. Só tirei os tênis e fui
rapidamente me refrescar.
Piscina
em Stovepipe Wells
Após estes mimos todos enfrentamos a montanha e a
escuridão da madrugada. No entanto a montanha nos reservava uma noite quente
(46ºC) e com rajadas abafadas de ventos que exigiam um óculos de lentes transparentes
para proteger os olhos, assim como um protetor para o rosto.
Após chegarmos ao final da longa subida, em Towness Pass, tínhamos uma descida de 12
Km.
Uma
noite dura e quente
O final da descida coincidia com o final da noite,
quando chegamos com o raiar do sol em Panamint
Springs Resort (KM 116) – Time Station
Three. Lá também tínhamos uma mini cidade de apoio à prova.
Panamint
Springs Resort – o raiar do 2º dia
Saindo de Panamint
Springs Resort já enfrentaríamos a 2ª grande montanha da prova, com 24 Km
de subida contínua. Agora faltando 100 Km para o final da corrida o calor seria
diminuído aos poucos mas ainda era bem quente e com muitas subidas.
Pacer
no 2º dia de prova
Passamos por Darwin
Turn-off (KM 145) – Time Station Four,
que marcava o final desta subida e início de uma descida de 19 Km, nos levando
para dentro da Highway 136.
Logo após o final da descida, tínhamos novamente um
trecho plano, agora de 35 Km, passando por Keeler
(KM 173), uma micro cidade no caminho para Lone Pine.
A
caminho de Lone Pine
A partir das 6h da noite, mesmo com a escuridão só
chegando por volta das 9h da noite, todos eram obrigados a utilizar coletes
refletivos e luzes piscantes de posição na frente e nas costas, por questão de
segurança.
Já podíamos agora visualizar o topo do Mount Whitney, onde em sua entrada
estava a linha de chegada.
Nesta foto abaixo podemos verificar os corredores
indo em direção a ele e o traçado da serra com 21 Km de subida até a finish line:
O
nosso destino
Já de noite chegamos a Lone Pine (KM 196) – Time
Station Five, a nossa última grande parada antes do fim da corrida. Abaixo
pode-se ver o nosso carro de apoio sob o letreiro luminoso que marca o posto de
controle:
Lone
Pine – last stop
Tínhamos agora uma meia maratona (21 Km) só de
subida com uma mudança drástica de clima, seguindo pela Whitney Portal Road entrando pela INYO National Forest, com ventos gelados e temperaturas chegando a
12ºC.
Trecho
final da prova
Já podíamos sentir a animação da linha de chegada,
neste ponto nos revezávamos rapidamente, com cada um por uns 15 min e nos
últimas centenas de metros da prova a organização da prova permite que todos da
equipe corram juntos com seu atleta – o que fizemos!
Últimos
metros...
Então surge a linha de chegada, a 135 milhas (217
Km) de nosso início, a 2.551 m de altitude.
Após 45h33min05seg
completamos a Badwater Ultramarathon. Êxito do Mike, por todo o esforço e
superação, mas também por todos nós seis da Equipe de apoio pela logística que
montamos e colocamos em prática.
Acabei correndo 60 Km, sendo o que mais corri de nossa Equipe.
Oficial
Photo Finisher
Mike só tinha a pretensão de completar a prova,
dentro das 48 horas limite, e conseguimos com mais de 2 horas de folga – só
felicidade! A colocação oficial foi 71º lugar geral. Dos 100 Ultramaratonistas
selecionados (entre os 2.500 pretendentes), 96 largaram em Badwater Basin e 81 completaram a prova (84,37%) – o número de
desistentes não é muito alto, pois a seleção para a prova deixa o nível muito
alto.
Felicidade
de ser FINISHER!
Como chegamos de madrugada, fizemos um lanche no Whitney Portal Store e partirmos para o
hotel descansar.
Após um breve descanso, nós da Equipe saímos para
arrumar tudo nos carros de apoio e deixar tudo pronto para irmos para o Post-race Get-together marcado para ao
meio-dia.
Chegando lá havia uma grande confraternização entre
os atletas finishers, tudo com muita pizza e drinks. Muito legal o clima, todos os atletas são chamados
nominalmente, uma grande festa!
Mário, Mike e Marcelino no Post-race
Get-together
Após esta confraternização voltamos para o hotel para acabar de ajeitar
tudo e voltar para Las Vegas.
Arrumamos tudo dentro dos carros, passando antes
num posto da organização do evento destinado a deixar materiais para doação. Lá
deixamos muita coisa, desde água mineral que sobrou até os gigantes coolers que compramos, o Mike é muito
generoso e não queria levar nada de volta, doando tudo que podia. Muitas coisas
ele me ofereceu e fiquei com muita vontade de trazer, porém estava com a
bagagem limitada para meu voo para San
Francisco e não podia levar.
Com isto, todos prontos para o retorno, mas antes resolvemos
voltar para a linha de chagada, visto que o lugar era lindo e não apreciamos
devido à escuridão da madrugada e ao cansaço da jornada.
Agora chegar ao Whitney
Portal de carro era uma tarefa fácil e de longe podíamos ficar maravilhados
pela beleza do local.
Voltando
aos pés do Mount Whitney
Apesar de ser uma quarta-feira podíamos ver como o
povo norte-americano dá valor às belezas naturais. O estacionamento estava
lotado de carros e com muitas famílias fazendo pic-nics.
Um lugar maravilhoso, com muitas pessoas
caminhando, indo escalar e se aventurar no Mount
Whitney. Cascatas emolduram a paisagem assim como esplendidas árvores e
rochas.
Desfrutando
as belezas do Mount Whitney
Pegamos a estrada e voltamos à Las Vegas chegando já de noite para agilizar nossos novos planos.
Mike, Michael e Scott pegariam seus voos no mesmo
dia. Eu, Phill e Greeg íamos para o Aria
Resort & Casino, outro imenso hotel da cidade, enquanto Andy ia para
outro hotel.
De
volta a Las Vegas – agora no ARIA
Agora tinha mais dois dias em Las Vegas para conhecer um pouco mais. O Aria é tão grande quanto o MGM
Grand e tem tantas atrações que nem dá vontade de sair de lá. Fiz questão
de ir ao imenso parque aquático, afinal de contas estava de volta ao calor de Las Vegas.
Minha
nova casa por dois dias
Também não pude deixar de ir (correndo) tirar uma
foto na clássica placa da entrada de Las
Vegas para me despedir desta magnífica cidade.
A
clássica foto de Las Vegas
No dia seguinte eu acordava cedo entregava o carro
que tinha alugado para a corrida e pegava meu voo para San Francisco, onde ficaria por 7 dias desfrutando da costa dourada
dos EUA, saindo desta cidade e indo de carro por Los Angeles até San Diego
por uma rodovia considerada uma das mais belas do mundo, a US 1.
Chegando à San
Francisco já podia notar a diferença do clima, muito mais ameno, e com uma
brisa maravilhosa do Oceano Pacífico.
Do aeroporto fui pegar meu novo carro alugado e
depois ir para o hotel.
Tinha apenas até o dia seguinte para ficar em San
Francisco, então aproveitei para ir logo à Golden
Gate Bridge, claro que correndo, pois esta ponte permite que se passe por
ela correndo, caminhando ou de bicicleta, por uma calçada gradeada.
Correndo
na Ponte Golden Gate
O passeio por San
Francisco foi maravilhoso, mas quase tive hipotermia devido ao frio. Na
verdade o frio não era tão grande, apesar dos ventos fortes, mas acho que o
problema foi a mudança drástica de temperatura até chegar lá.
No dia seguinte estava lá eu já partindo em direção
ao sul com destino à cidade de Santa Cruz,
distante 130 Km. A estrada era maravilhosa e linda. No caminho uma parada no Pidgeon Point Light, um farol usado para
guiar os navios que navegam pelo Oceano Pacífico perto dali.
Parada
no Pidgeon Point Light
Mais 40 Km de estrada e um magnífica obra de Deus,
a Natural Bridges State Beach, um
praia (cheia de gente – igual a todos os outros atrativos naturais dos EUA) que
tem formações rochosas esplendidas.
Visita a Natural Bridges State Beach
Agora já estava a apenas 4 Km de meu destino, o Santa Cruz Beach Boardwalk, tradicional
parque de diversões com mais de 100 anos.
Chegando
ao Santa Cruz Beach Boardwalk
E o legal deste parque é que ele foi projetado bem
na praia (nos EUA tem muitos parques assim) e a praia é excelente para banho
também. O acesso é gratuito, e só paga-se pela atração que decidir brincar (de US$ 3 a US$ 6), porém tem a opção de passaporte (que escolhi – US$ 32) de dá direito a infinitos
acessos as atrações no dia.
Entrando
no Santa Cruz Beach Boardwalk
Foi um dia bem legal e divertido com muitas
atrações radicais. O entorno do parque também tem muitas opções de bares e
restaurantes.
Diversão
no parque...
Saindo bem tarde da noite do parque segui meu
caminho para o sul, tinha 590 Km até Los Angeles.
A estrada, além de ser excelente, oferece aos
usuários (não tem pedágio) várias Rest
Areas, que são áreas de descanso para motoristas de carros de passeio. Numa
desta parei para dormir, tinha comigo um excelente e espaçoso NEW FORD FOCUS, então foi só rebater os
bancos e dormir. Estas áreas de descanso oferecem vários serviços de alta
qualidade: banheiros, máquinas eletrônicas de dinheiro, bebidas e lanches,
entre outros.
Após o descanso foi ligar o carro e continuar até
chegar à Los Angeles, que oferece uma
infinidade de atrações aos turistas.
Fui para meu hotel e depois direto para Hollywood.
Para conhecer Hollywood
Hills deixei meu carro na entrada para o mirante e subi correndo, com
direito a desbravar umas trilhas de terra para conseguir uma imagem melhor do
famoso letreiro.
Correndo
em Hollywood
Descendo do observatório e voltando para o carro
agora o destino era bem ao lado, a calçada da fama, que se estende por mais de
1 Km tendo dos dois lados da rua centenas de estrelas e em frente onde é feita
a entrega do Oscar mão e pés com
autógrafos.
Pisando
a calçada da fama
No dia seguinte teria uma visita ao bairro das
estrelas: Beverly Hills, onde só tem
mega mansões de luxo.
Passagem
por Beverly Hills
Após a visita a Beverly
Hills fui passar o dia no maior parque de montanha russas do mundo, Six Flags Magic Mountain, distante
apenas 60 Km.
Chegando ao Six Flags
O parque oferece 15 grandes montanhas russas, além
de outras pequenas e mais algumas outras atrações radicais e mais amenas. Um
imenso parque de diversões!
Escape
from Krypton – a montanha russa do Superman
Como estávamos em férias de verão nos EUA o parque
estava bem cheio, mas deu para aproveitar muito, indo a quase todas as
atrações.
O
parque mais radical do mundo!
Saindo de noite do Six Flags seguia meu caminho para o sul, agora para minha última
cidade dos EUA, San Diego, distante 240
Km.
Fui direto para casa do amigo Márcio Santos, onde
ficaria por 2 dias nesta maravilhosa cidade.
No dia seguinte a melhor forma de conhecer a cidade
– correndo, agora pela Pacific Beach,
uma linda praia de águas geladas com visual bem similar com o que temos aqui no
RJ.
Correndo
em San Diego – Pacific Beach
O restante do dia foi de passeio de carro, com
direito a ida num Outlet na fronteira
com o México (um lado do muro do shopping é EUA o do outro México), mais uma
boa experiência.
No dia seguinte a minha última atividade programada
nos EUA, um parque aquático, o Aquatica
– pertencente ao SeaWorld.
Aquatica
– SeaWorld’s Water Park
Após 16 dias de viagem pelo oeste norte americano
fui para o aeroporto pegar meu voo, com escala em Dallas, para retorno ao RJ.
Foi uma experiência incrível, segunda vez nos EUA,
primeira vez na Badwater Ultramarathon.
Agora é treinar bastante e torcer que todos os
planos deem certos para ano que vem retornar ao Vale da Morte, para agora eu
competir!
Um grande abraço a todos que me acompanham e apoiam
e estavam ansiosos por esta postagem.
Agora escrevam aqui abaixo e contribuam um pouco para esta história!